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NOTA 9,0 Produção francesa é uma excelente e delicada opção para agradar a todas as idades resgatando o humor ingênuo |
Já faz algum tempo que os filmes infantis deixaram de ser bobinhos para agradar também aos pais das crianças. A indústria de cinema americana cada vez mais capricha na produção de animações com piadas e situações que conquistem também os adultos, mas ainda não consegue as mesmas proezas quando quer contar uma história infantil com elenco e cenários reais. Hollywood poderia mirar então no exemplo do diretor Laurent Tirard e sua produção francesa O Pequeno Nicolau, uma fita simples, ingênua e divertida como há muito tempo não se via. A história se passa na França da década de 1950 e gira em torno do tal garoto do título. Interpretado com muita desenvoltura pelo estreante Maxime Godart, excepcional e muito cativante, o menino leva uma vida tranquila, é muito amado por sua mãe (Valérie Lamercier) e por seu pai (Kad Merad) e tem diversos amigos, com os quais se diverte um bocado. Tudo vai bem até que um dia ele houve uma história sobre irmãos mais novos que o assusta. A partir de então, o menino passa a prestar atenção no comportamento de seus pais e se surpreende. Ele acredita que sua mãe está grávida e logo entra em pânico, pois acha que assim que o bebê nascer ele não receberá mais atenção. A paranóia aumenta quando sua mãe o convida para um passeio, pois tem certeza que será abandonado na floresta. Para escapar desse terrível destino, Nicolau faz de tudo para mostrar aos pais o quanto é indispensável e, por tentar agradá-los demais, acaba cometendo vários tropeços o que faz com que eles fiquem enfurecidos. Desesperado, ele muda de tática e, com a ajuda de seus amigos desastrados, bola diversos planos para achar uma solução para seu problema. É essa ingenuidade em lidar com um medo tão comum entre as crianças que faz a fita prender a atenção.
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O grande trunfo do longa é não cair na armadilha de fazer um filme adulto sobre o universo infantil, mas se concentrar em passar a percepção de todos os acontecimentos pelos olhos dos pequenos, como se o roteiro fosse escrito por eles mesmos, mas ao mesmo tempo as mesmas situações são apresentadas pela ótica dos mais velhos, assim são duas histórias que caminham paralelamente criando interessantes contrapontos. É bom enfatizar que o cinema europeu trata as crianças de forma peculiar. Hollywood, salvo algumas exceções, se preocupa em fazê-las ficarem tão engraçadinhas e fofinhas que o resultado fica artificial e em alguns casos beira o ridículo. Já os europeus tratam os personagens infantis com mais complexidade e os encaixam de forma mais verossímil nos enredos, inclusive com maior carga dramática. Tirard não investe em chororô, mas aposta um humor levemente crítico para tentar passar a percepção infantil quanto ao universo dos adultos. Existe até o cuidado em posicionar a câmera geralmente de baixo para cima para evidenciar a visão de uma criança, assim tudo parece maior do que realmente é, inclusive os problemas. E também há de se destacar o colorido dos cenários e figurinos, tudo perfeitamente encaixado na proposta e sem ser extravagante. Para quem se aventurar nesta comédia sem saber de suas origens, provavelmente pensará que ela é americana devido ao capricho de produção e ritmo perfeito da história. Se você é um daqueles que nem deseja ouvir falar em um filme oriundo da França, está na hora de rever seus conceitos e ver que o cinema de lá não é feito apenas de lamentações, contemplações ou histórias românticas e dramáticas. A distribuidora Imovision, especializada em trazer ao Brasil produções de todos os cantos do mundo preservando seu áudio original, teve o cuidado de dublar O Pequeno Nicolau para atingir o público infantil, com o qual ela ainda não tem intimidade, mas a obra também pode ser apreciada com legendas e idioma francês. Excelente programa para uma sessão da tarde com toda a família.
Comédia - 91 min - 2009
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